SERIA POSSÍVEL QUE A VIDA TENHA MIGRADO ATRAVÉS DO UNIVERSO?

Em 2017, um asteroide interestelar passou pelo nosso sistema quase que despercebidamente. Ele foi batizado de ‘Oumuamua, palavra havaiana para “mensageiro de muito longe que chega primeiro”, e tinha um formato comprido — semelhante a um charuto — medindo cerca de 800 metros.

Aquela foi a primeira vez que um objeto vindo de fora do nosso sistema solar era detectado por aqui. No ano seguinte, ele chegou a ser considerado uma sonda alienígena e levantou uma importante questão: seria possível que diferentes formas de vida tenham migrado por dezenas — talvez centenas — de anos-luz até chegar na Terra? E a resposta é sim.

Uma longa jornada

Tardígrados são animais que conseguem sobreviver em temperaturas que variam de -250 °C até os 150 °C. (Fonte: Getty Images)Tardígrados são animais que conseguem sobreviver em temperaturas que variam de -250 °C até os 150 °C. (Fonte: Getty Images)

Microrganismos extremamente resistentes, como bactérias e esporos, podem sobreviver em condições espaciais hostis — incluindo vácuo quase completo, temperaturas extremas e radiação ionizante. Essa super resistência faz com que eles sejam candidatos interessantes para se pensar em como a vida migrou através do universo.

Um dos melhores exemplos disso são os tardígrados, que apresentam uma resistência particularmente extrema. Esses micro animais podem suportar a desidratação completa — perdendo até 90% de sua água — e entrar em um estado de hibernação, onde seu metabolismo diminui significativamente. Isso possibilita que eles resistam a condições bastante adversas, como pressões elevadas, temperaturas extremas e altos níveis de radiação.

Mas, embora a capacidade de sobrevivência desses microrganismos seja impressionante, não há qualquer indício de que eles tenham se originado no espaço. O que se sabe é que eles já se provaram resistentes e poderiam suportar uma eventual jornada interestelar.

Novas possibilidades

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

A ideia de que a vida pode ser transportada pelo espaço interestelar em partículas microscópicas de poeira e gelo sugere que ela pode se disseminar mais do que os cientistas acreditavam. Mais do que isso, ela oferece um novo olhar para a busca por vida fora do nosso planeta. Em vez de procurar por sinais de vida apenas em planetas distantes, talvez faça sentido considerar a possibilidade dela estar presente em partículas vagantes pelo espaço.

Além disso, a pesquisa recente no campo da biologia computacional e da engenharia genética está nos aproximando de uma compreensão mais profunda da origem da vida. Os cientistas estão trabalhando em simulações computacionais da formação de moléculas complexas, reproduzindo o processo de maneira cada vez mais precisa. Eles também estão criando estruturas genômicas sintéticas, abrindo caminho para a vida sintética.

Com essas ferramentas, a possibilidade de criar moléculas complexas e compreender as origens da vida na Terra está se tornando mais próxima da realidade. Pode ser que a vida no universo seja mais comum do que pensamos e que os “alienígenas” possam ser formas de vida que compartilham a galáxia conosco desde tempos imemoriais.

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