POR QUE EXISTEM QUATRO CABEÇAS DE JOÃO BATISTA PELO MUNDO?

São João Batista foi um pregador importante dentro da narrativa da Bíblia: ele era nada menos que primo de Jesus, e foi o responsável por seu batismo. De forma parecida que o seu parente mais famoso, João Batista teria morrido por conta de suas crenças.

Enquanto Jesus foi crucificado, João Batista foi decapitado. Mas acontece que, ao longo dos séculos, foram noticiadas a existência de pelo menos quatro cabeças que teriam pertencido a este homem santo.

A morte de João Batista

(Fonte: Getty Images)

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Segundo a Bíblia, João Batista foi decapitado por ordem de Herodes depois que o pregador criticou o casamento deste líder com a ex-esposa de seu irmão, Herodias. A filha de Herodias, Salomé, teria então pedido a Herodes a cabeça de João Batista em uma bandeja, e seu pedido foi atendido.

Em seguida, o corpo de Batista teria sido enterrado em Sebastia, cidade localizada na Palestina moderna. Ocorre que, nos séculos seguintes, sua cabeça teria sido “encontrada” várias vezes. Obviamente, ele não tinha vários crânios: sua existência estava sendo explorada pelo lucrativo comércio de relíquias sacras.

Entre as relíquias mais importantes neste mercado, estava justamente a cabeça de João Batista. Por isso, ao longo da história, vários povos disseram possuí-la. Na Idade Média, os Cavaleiros Templários reivindicaram a sua posse. Hoje, sabe-se de quatro cabeças que supostamente teriam sido do homem santo.

As cabeças que já foram reclamadas

(Fonte: Getty Images)

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A primeira das cabeças está na Mesquita dos Omíadas, na Síria, que foi construída no topo de uma igreja cristã durante o século VI. Tempos depois, no século VIII, esta mesquita foi construída e a cabeça foi supostamente colocada em uma das colunas.

Outra localização é a Residência de Munique, na Alemanha, que hoje funciona como um museu. Lá, há uma relíquia que se diz ser a cabeça de João Batista e faz parte de uma coleção que pertenceu a Guilherme V da Baviera. Segundo informações do museu, Guilherme V teria sido autorizado pelo papa a adquirir relíquias sagradas em 1577.

Já na basílica de San Silvestro in Capite, localizada em Roma, estaria a parte superior do crânio de João Batista, sem a mandíbula. Esta igreja virou local de preservação de relíquias de santos durante o século IX, e a cabeça seria uma delas.

Maxim Massalitin/Wikimedia

Suposta cabeça de João Batista exposta na Catedral de Amiens. (Fonte: Maxim Massalitin/Wikimedia Commons)

Por fim, a quarta cabeça teria sido incorporada na Catedral de Amiens, na França. Ela teria chegado lá na Idade Média depois que um padre retornou das Cruzadas, no século XIII, trazendo várias relíquias. Ele teria dito que encontrou a cabeça do santo em Constantinopla.

Essa cabeça, em especial, teria ganhado credibilidade devido a um corte acima da sobrancelha direita, uma vez que se acredita que Herodias teria feito um ferimento desse tipo no mártir. Sua chegada na catedral foi considerada uma grande bênção no local, que virou um ponto de peregrinação.

A fama em torno das várias “cabeças” de João Batista expressam como a fé se misturava com mitos e mentiras durante a Idade Média. É provavelmente impossível descobrir hoje se alguma dessas cabeças é a real. É possível, inclusive, que todas sejam falsas.

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